quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Romantismo


No final do século XIII, surge na Europa, um movimento em oposição ao iluminismo (razão) e à arte clássica. Este movimento chama-se Romantismo que busca novas formas de expressão rompendo com os padrões artísticos estabelecidos pelo classicismo.


O classicismo é caracterizado por elementos como o equilíbrio, harmonia, objetividade, proporção, serenidade, luminosidade, transparência, racionalidade, e retorno à Antigüidade greco-romana. E à natureza concebia essencialmente em termos da razão, regido por leis que refletissem tal harmonia.


O autor clássico não se manifesta na obra, é objetivo. A obra vale por si somente. Daí a importância dos procedimentos que assumem um caráter de regras, como o caso das três unidades na dramaturgia, assim como na literatura em que cada gênero possui leis específicas. E a arte clássica não quer se individualizar. Seu propósito é sempre chegar ao geral e ao típico.


Do exposto pode-se observar contra o tipo de arte que o Romantismo lutou, pois devido às transformações pelo qual a Europa passou no século XIII (oriundos da Revolução Industrial e da Revolução Francesa), os artistas românticos vão voltar suas atenções para o indivíduo, vão expor suas emoções pessoais, seus sentimentos (subjetividade), com liberdade própria de criação, sem regras estéticas. Assim como a natureza que é expressa pelo sentimento do eu-lírico e a caracterização da mulher, como pura, inatingível e possuidora de virtudes.



O Romantismo surge inicialmente na Alemanha, (e se estende por toda a Europa) com o movimento Sturm and Drang (tempestade e ímpeto) em que aparece uma literatura mergulhada no sentimentalismo caracterizada pelas lágrimas que passam marcar as obras românticas, como podemos citar por exemplo “Os sofrimentos do jovem Werther” obra de Goethe que marca o início da estética literária do Romantismo:


“Agosto,21

.... Quando, ainda mal desperto, a procuro a meu lado, tateando, e, ao fazê-lo,

arregalo completamente os olhos à realidade, uma torrente de lágrimas não pode mais ser contida pelo meu coração esmagado. Choro, contemplando cheio de amargura o sombrio futuro que me aguarda.”



“Os sofrimentos do jovem Werther” de Goethe, é um romance epistolar escrito em forma de carta de Werther a um dado personagem Wilhelm. Werther é um personagem que se apaixona por Lotte, que mesmo noiva de Alberto aceita sua aproximação.Mas por um dado período, Werther resolve se distanciar de sua amada trabalhando em um ministério, entretanto, seu repúdio ao formalismo excessivo e ao modo de viver da sociedade aristocrática o fazem voltar.


Lotte é caracterizada na obra como a mais perfeita das criaturas.

É um anjo!

(...) Entretanto, é-me impossível dizer a você o quanto ela é perfeita, nem por que é tão perfeita. Só isto basta: ela tomou conta de todo o meu ser.

Tanta naturalidade aliada a tão alto espírito de justiça! Tanta bondade aliada a tamanha firmeza!

Uma alma tão serena e tão cheia de vida e energia!



No momento de seu retorno, Werther encontra Lotte casada com Alberto. Diante disso ele relata nas cartas seus sofrimentos, mantendo de modo contínuo o diálogo entre o amor impossível e a sua renúncia. Não podendo suportar mais, os sofrimentos de Werther resulta no seu suicídio, a única saída para libertar-se deste sentimento.



As narrativas ocorrem em primeira pessoa, aproximando o leitor ao drama do protagonista

que permitem apresentar suas visões, aspirações (subjetividade) e indagações religiosas:

“Maio, 17

... Mas eu o encontrei, senti junto de mim um coração, uma alma eleita, junto dos quais eu cria superar-me, tornando-me tudo aquilo que serei capaz de ser. ó grande Deus, haverá, então, uma só das faculdades da minha alma que não possa ser aproveitada?...”


Outra característica do romantismo é o pessimismo, oriundo da visão de Rousseau.

“Agosto,21

...Choro, contemplando cheio de amargura o sombrio futuro que me aguarda.”


Rousseau postulava que a natureza humana era corrompida pela sociedade, assim como a propriedade era fonte da desigualdade entre os homens. Por isso Rousseau exalta a simplicidade da criação e ressalta a imagem do bom selvagem, do ser íntegro e primitivo.

Tal concepção vai gerar a busca à pureza e à inocência, a presença do “selvagem” ou “indígena”. No caso da obra de Goethe, temos a valorização da pureza na criança:


“Maio, 27

...As crianças se mostram muito confiantes, contando-me mil pequenas coisas. Quando as outras crianças da aldeia se juntam em torno de nós, diverte-me imenso observar-lhes as pequenas paixões e a expressão ingênua dos seus desejos.”


Um dos traços fundamentais da obra romântica é a nostalgia ligada ao culto do gênio original, ou seja, trata-se de uma criação espontânea sem critérios da perfeição estética. Assim o valor da obra passa residir subjetivamente no autor, nas suas emoções e sentimentos.


“Julho.1

...Meu coração transbordou naquele momento, tantas eram as lembranças do passado que me

oprimiam a alma, de sorte que as lágrimas me vieram aos olhos...”


E esse valor ao sujeito individualizando dentro da sociedade, da nação, da classe em que se encontra ou da vida coletiva aproxima de certo ponto o romantismo da perspectiva realista.



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