No final do século XIII, surge na Europa, um movimento em oposição ao iluminismo (razão) e à arte clássica. Este movimento chama-se Romantismo que busca novas formas de expressão rompendo com os padrões artísticos estabelecidos pelo classicismo.
O classicismo é caracterizado por elementos como o equilíbrio, harmonia, objetividade, proporção, serenidade, luminosidade, transparência, racionalidade, e retorno à Antigüidade greco-romana. E à natureza concebia essencialmente em termos da razão, regido por leis que refletissem tal harmonia.
O autor clássico não se manifesta na obra, é objetivo. A obra vale por si somente. Daí a importância dos procedimentos que assumem um caráter de regras, como o caso das três unidades na dramaturgia, assim como na literatura em que cada gênero possui leis específicas. E a arte clássica não quer se individualizar. Seu propósito é sempre chegar ao geral e ao típico.
Do exposto pode-se observar contra o tipo de arte que o Romantismo lutou, pois devido às transformações pelo qual a Europa passou no século XIII (oriundos da Revolução Industrial e da Revolução Francesa), os artistas românticos vão voltar suas atenções para o indivíduo, vão expor suas emoções pessoais, seus sentimentos (subjetividade), com liberdade própria de criação, sem regras estéticas. Assim como a natureza que é expressa pelo sentimento do eu-lírico e a caracterização da mulher, como pura, inatingível e possuidora de virtudes.
“Agosto,21
.... Quando, ainda mal desperto, a procuro a meu lado, tateando, e, ao fazê-lo,
arregalo completamente os olhos à realidade, uma torrente de lágrimas não pode mais ser contida pelo meu coração esmagado. Choro, contemplando cheio de amargura o sombrio futuro que me aguarda.”
Lotte é caracterizada na obra como a mais perfeita das criaturas.
É um anjo!
(...) Entretanto, é-me impossível dizer a você o quanto ela é perfeita, nem por que é tão perfeita. Só isto basta: ela tomou conta de todo o meu ser.
Tanta naturalidade aliada a tão alto espírito de justiça! Tanta bondade aliada a tamanha firmeza!
Uma alma tão serena e tão cheia de vida e energia!
No momento de seu retorno, Werther encontra Lotte casada com Alberto. Diante disso ele relata nas cartas seus sofrimentos, mantendo de modo contínuo o diálogo entre o amor impossível e a sua renúncia. Não podendo suportar mais, os sofrimentos de Werther resulta no seu suicídio, a única saída para libertar-se deste sentimento.
As narrativas ocorrem em primeira pessoa, aproximando o leitor ao drama do protagonista
que permitem apresentar suas visões, aspirações (subjetividade) e indagações religiosas:
“Maio, 17
... Mas eu o encontrei, senti junto de mim um coração, uma alma eleita, junto dos quais eu cria superar-me, tornando-me tudo aquilo que serei capaz de ser. ó grande Deus, haverá, então, uma só das faculdades da minha alma que não possa ser aproveitada?...”
Outra característica do romantismo é o pessimismo, oriundo da visão de Rousseau.
“Agosto,21
...Choro, contemplando cheio de amargura o sombrio futuro que me aguarda.”
Rousseau postulava que a natureza humana era corrompida pela sociedade, assim como a propriedade era fonte da desigualdade entre os homens. Por isso Rousseau exalta a simplicidade da criação e ressalta a imagem do bom selvagem, do ser íntegro e primitivo.
Tal concepção vai gerar a busca à pureza e à inocência, a presença do “selvagem” ou “indígena”. No caso da obra de Goethe, temos a valorização da pureza na criança:
“Maio, 27
...As crianças se mostram muito confiantes, contando-me mil pequenas coisas. Quando as outras crianças da aldeia se juntam em torno de nós, diverte-me imenso observar-lhes as pequenas paixões e a expressão ingênua dos seus desejos.”
Um dos traços fundamentais da obra romântica é a nostalgia ligada ao culto do gênio original, ou seja, trata-se de uma criação espontânea sem critérios da perfeição estética. Assim o valor da obra passa residir subjetivamente no autor, nas suas emoções e sentimentos.
“Julho.1
...Meu coração transbordou naquele momento, tantas eram as lembranças do passado que me
oprimiam a alma, de sorte que as lágrimas me vieram aos olhos...”
E esse valor ao sujeito individualizando dentro da sociedade, da nação, da classe em que se encontra ou da vida coletiva aproxima de certo ponto o romantismo da perspectiva realista.
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